domingo, 18 de janeiro de 2009

O destemido.


Não possuía mais do que sete anos o magrelo corpo que se esgueirava na janela pra ver a conversa dos adultos. Já passava das onze, e ele devia estar na cama a mais de hora, mas fosse pelo calor da noite de janeiro ou por tênue curiosidade infantil, lá estava o pequeno escondido por entre as treliças da janela. De inicio tudo parecia como de costume, ora, apenas um bando de adultos conversando, da forma que fazem na sala quando as crianças se fazem presentes, mas antes que a decepção o atingisse eis que se deu inicio ao assunto proibido, aquele pelos quais os adolescentes riem às alcovas e os adultos desconversam. O entusiasmo do pequeno era quase palpável, nunca ouvira tantas coisas com tamanho enleio, sobretudo da boca daqueles que pra ele não passavam de pais e tios. Contudo há mistérios que devem ser mantidos mistérios até para as crianças mais astutas na arte de fofocar, e não demorou para que fosse descoberta a infração e aplicada a pena a quem infligiu as regras do lar.O corpinho franzino bem que se deu por vencido e tornou a cama, mas as noites de verão na casa de praia nunca mais foram pueris.

Um comentário:

Anônimo disse...

e o que ele ouviu?