sábado, 18 de abril de 2020

COVID 19.

Última postagem em 2016, depois de 1 ano sem escrever, e eu pensando que estava na pior com Conrado embarcando pela primeira vez.
Achei o texto exagerado, meio bobinho. Por isso sigo mantendo esse espaço. Para poder ser meio bobinha e exagerada, e lembrar por quais pedras fui pisando e tropeçando no caminho.
Comecei a escrever aqui há 13 anos, muitas coisas já aconteceram. Quase uma Natália inteira desde que cheguei por aqui (tudo mato).
Mas hoje não escrevo de casa, ou do meu computador. Escrevo do trabalho, inimaginável pra mim mesma! Plantões tranquilos, seria esse meu pedido desde sempre? Crianças só vindo a emergência por real necessidade?
Pois então, hoje venho lembrar para mim mesma de hoje e daqui para frente dos dias de hoje. Estamos enfrentando uma pandemia, de um vírus chamado coronavirus (COVID19), com uma taxa de infecção muito alta e uma mortalidade que parece ser alta. Tudo parece porque não sabemos muito.
Nosso SUS (querido SUS), que está sobrecarregado desde sempre, finalmente foi enxergado, e para o susto de quem viu: estava sobrecarregado, quem diria. Leitos de campanha surgindo, hospitais montados as pressas. A medicina privada também não dá conta, acho que ai foi a maior surpresa, esse vírus não respeita nem quem tem dinheiro.
A pandemia não afeta muito as crianças, a nível de gravidade, o que torna meu trabalho mais tranquilo em atendimentos, porém não menos tenso de me contaminar. Medo por mim mesma (pela asma e obesidade), mas acima de tudo, medo de me contaminar e contaminar aqueles que eu amo. Como lidar com a possibilidade de machucar as pessoas que você mais ama nesse mundo?
Estamos em quarentena, Conrado por um acaso e sorte do destino está em casa. Estamos respeitando bem, mas ainda sim eu anida trabalho, então sou um foco constante de quebra da barreia, mesmo tomando todos os cuidados possíveis. 
Conrado me perguntou sobre a possibilidade de que eu parasse de trabalhar, não é como se estivéssemos nadando em dinheiro, mas financeiramente estamos confortáveis, mas nesse momento não é dinheiro. Estranhamente me sinto com uma sensação de vocação, dever a cumprir. Não tenho como me imaginar fugindo a minha missão nesse momento de luta no mundo todo (essa com certeza vai ser a parte que vou ler no futuro e falar que exagero hahahaha)
Estranho como nesse sentido o medo não passa muito pela minha cabeça ao sair para trabalhar. Mas tenho muito medo pelos meus pais, meus sogros, um pouco também pelos meus amigos. Como imaginar um mundo sem as pessoas que mais amamos perdidas contra um vírus? Ou pior, contra o colapso do sistema de saúde?
Sinto muito medo quando escuto noticiários, quando escuto numero de mortos.
Ah, nosso ministro da saúde foi demitido nesse caos. Estava sendo uma pessoa bem coerente nesse cenário. Nosso presidente, for the records, se chama Bolsonaro, e ele é um merda. Mas isso é tópico para um outro momento.
Até a próxima, quem sabe quando.

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